Ao sabor dos ventos
Há mais ou menos três anos atrás, estive no vilarejo de Jericoacoara no estado do Ceará e uma das coisas mais supreendentes e legais que pude ver, foi, além da beleza daquele luga, é claro, o número de turistas estrangeiros que vão até lá para desfrutar o continuo vento que bate leste, oeste e faz de lá um dos melhores locais para se praticar esportes como o kite e o windsurf. Atletas dos mais variados cantos do planeta se encontram naquele local e por conta disso, resolvi fazer uma pesquisa desses esporte para postar aqui, este que é, um dos mais vibrantes esportes de aventura.
EPORTES NAUTICOS
Um esporte com origens nobres e até mesmo reais. Para quem não sabe, o iatismo – que num casamento mais que perfeito com o surf gerou o windsurf – tem história real. O esporte nasceu como competição no século XVII e teve como adeptos o rei Carlos II e seu irmão, o Duque de York. Eles chegaram a realizar uma prova para testar qual de seus barcos seria o mais rápido num determinado trajeto. Apesar dos barcos serem utilizados como meio de transporte dos mares e rios desde a antiguidade, foi apenas a partir desta nobre disputa que as competições tiveram início.
Já o windsurf, o filho radical do iatismo, nasceu recentemente no século XX. Quem o pratica garante que é uma modalidade supercompleta, pois possibilita a movimentação de todos os músculos do corpo, exigindo muita pericia do esportista. O Wind também une duas características bastante atraentes aos iniciantes: é mais fácil do que o surf e mais rápido que o barco a vela.
Devido à velocidade da prancha, a modalidade exige extrema precisão de seus praticantes. Qualquer deslize ou movimentação mal planejada, estando em alta velocidade, pode causar tombos alucinantes. E inesquecíveis.
A descontração fica por conta de não apresentar grandes restrições e também do visual alegre e colorido de suas velas. Para praticá-lo, é preciso, obviamente, saber nadar e, no caso dos iniciantes, usar coletes salva-vidas.
A exigência de colete deve-se às inúmeras e instigantes manobras, que exigem bons cálculos de quem pratica. Mas calma, você não precisa ter nenhum conhecimento aprofundado em matemática ou geometria. A matemática do windsurf vai além das formulas e teoremas que aprendemos na escola. Ela envolve o corpo, seus devidos órgãos e funções e principalmente, a alma de quem está sobre a prancha.
Tanto o iatismo quanto o windsurf possibilitam o contato privilegiado com a natureza, testando as habilidades dos atletas em oceanos, rios ou represas.
Os esportes a vela tem um charme inegável, provável herança da sua origem real. Mas para ser um bom velejador não é necessário ter os pés na realeza – apesar de o iatismo ainda ser uma atividade um tanto salgada. É imprescindível, sobretudo, ter bons conhecimentos das condições do mar e do vento. Contudo, quando nos dedicamos a um esporte com paixão, podemos até, porque não, nos tornarmos reis por alguns instantes. Se esse é o seu sonho, prepare sua vela e mãos à obra.
WINDSURF, UM MIX QUE DEU CERTO
Naomi Albrecht foi a primeira pessoa fotografada velejando numa prancha semelhante as de windsurf, o ano foi de 1963. Apesar do conceito do equipamento utilizado por Naomi ser bastante diferente do atual, não da para negar que serviu de base para todo o desenvolvimento que gerou o esporte.
Desde 1948 Naomi pensava em alguns conceitos para definição do esporte que praticava. Passou anos praticando o que viria se a tornar-se o windsurf sem saber.
Alguns anos depois do primeiro registro fotográfico do Wind, Jim Drake, designer de aeronáutica e o empresário Hoyle Shweitzer resolveram unir as características do surf com o velejo para possibilitar a pratica da novidade em lagos ou praias sem ondas. A partir daí Jim e Hoyle criaram vários conceitos para o esporte que são utilizados até hoje.
Em 1968 ambos patentearam o equipamento com o nome de windsurf, que, segundo a definição, é uma mescla que combina característica de surf com as dos veleiros.
Cinco anos depois, as pranchas de windsurf passaram a ser produzidas em serie. Elas eram fabricadas com polietileno – material do Dupont. A produção em grande escala tornou o Wind cada vez mais popular e em 1984 aconteceu a primeira olimpíada do esporte.
No Brasil tem se destacado o tetracampeão paulista Luca Pascolato, Valeria Matuck, tricampeã paulista de windsurf, Ricardo Wanick, que representou o Brasil nas olimpíadas e Wilhen Shürmann, considerado o melhor da atualidade no país. O windsurf é muito praticado nos EUA, França, Italia, Alemanha e Espanha.
COMO COMEÇAR NO WINDSURF
Se você é um daqueles que estão sedentos para aprender as manobras do windsurf, seguem aqui algumas dicas, pois apesar de não apresentar grandes restrições, o Wind, como qualquer outra modalidade esportiva, deve ser praticada com segurança.A melhor alternativa para começar é sempre fazer um bom curso, mas é claro que existem outras dicas básicas. Recomenda-se que o iniciante comece no esporte com uma prancha superior a 200 litros e com uma vela pequena em torno de 4m2.
É recomendável, no inicio, procurar dias de pouco vento, na faixa de 15 km por hora. Lmebre-se de que você está começando e, mais do que exibir grandes performances, o lance é eleger a segurança como prioridade. Marque um lugar de poucas ondas e não se distancie muito da praia.
Equilibrar-se na prancha é um dos primeiros exercícios passados aos iniciantes. É quando travamos os primeiros conhecimentos com a prancha – andando e testando movimentos sobre ela – e aprendemos a nos posicionar. Dos movimentos cambaleantes do inicio, em cerca de 12 horas, com um bom instrutor e dedicação, você já não estará fazendo isso.
ALGUMA MODALIDADES DO WINDSURF
FUNBOARD: é a mais praticada em que os esportistas utilizam uma prancha menor. Subdivide-se em Salon, onde as pranchas pegam maior velocidade e a Course, onde as pranchas são um pouco maiores e velejam contra o vento.
WAVE: modalidade praticada nas ondas em que o windsurfista faz vairas manobras, inclusive voos e loopings.
SPEED: nela o vencedor é aquele que desenvolver a maior velocidade sobre a prancha.
INDOOR: modalidade realizada com a ajuda de ventiladores que simulam o vento marinho.
EQUIPAMENTOS
O windsurf divide-se basicamente em duas partes disitintas, a Prancha e o Rig. O Rig é o conjunto de vela, retranca e pé de mastro. A Prancha pode ser medida pelo seu comprimento ou pelo seu volume e a vela pela sua área.
Para você já ir se familiarizando com a terminologia da modalidade, saiba que mastro é a haste de fibra de carbono que sustenta a vela verticalmente e retranca é o tubo de alumínio (ou fibra de carbono), que se prende ao mastro e à vela.
Pé de mastro é o que conecta o mastro à prancha, através de uma junta universal, o que permite a rotação de 360º do Rig. O esportista usa roupa de neoprene que oferece a proteção adequada contra o frio sem tirar os movimentos do corpo.
25 EXPRESSÕES QUE VOCÊ TEM QUE SABER
1- Aerial Jibe: Manobra em que o velejador salta bem alto sem soltar os pés das alças, gira a prancha em 180º e vira a vela no ar. Assim ele já cai com a prancha virada para o outro lado e com a vela pronta para sair planando.
2- Água!: é uma palavra bastante gritada durante o velejo e refere-se a um pedido de preferência quando se cruza outra prancha ou embarcação.
3- Back Loop: loop no qual a rotação da prancha é para trás.
4- Barlavento: O lado de onde vem o vento.
5- Batida: diz-se da água agitada com muitas marolas
6- Calmaria: falta de vento
7- Caturrar: ficar batendo nas ondas prejudicando o andamento do barco.
8- Dropar: Descer da crista da onda.
9- Duck Jibe: jibe no qual o velejador se agacha girando a vela pela popa da prancha.
10- Equipo: abreviação para equipamento.
11- Esteira: parte inferior da vela, é delimitada pelo olhal da testa e o olhal da esteira.
12- Forward: loop no qual a rotação da vela é pra frente, o mais comum e fácil de executar
13- Heli-Tack: é um bordo onde se direciona a vela contra o vento durante a transição fazendo com que o velejador não passe pela proa da prancha.
14- ICMS: Indexed Mast Check System – Metodo Internacional de mediação da rigidez e características de curvatura do mastro. Geralmente seu grau varia entre 17 e 32.
15- Jibe: troca de direção e de lado pelo qual a vela recebe o vento dando as costas para o vento no ponto intermediário da curva. Geralmente a vela gira pela proa da prancha.
16- Kit Trapezio: dois cabos fixados simetricamente em laço em cada lado da retranca onde se engancha o trapézio.
17- Lay Down Jibe: jibe no qual a vela é deitada paralelamente a água, quase a tocando.
18- Machadao: tipo de jibe com muita velocidade e que o mastro cai na água por cima do velejador.
19- Nó: medida de velocidade que euivale a uma milha marítima por hora.
20- Orçar: aproximar o bico da prancha da linha do vento.
21- Quilha: dá estabilidade direcional à prancha. O tamanho e forma acompanham a variação do tamanho de vela usada (quanto maior a vela, maior a quilha)
22- Rabeta: a popa da prancha
23- Sideshore: direção do vento soprando paralelamente à praia.
24- Tala: Vara flexível de fibra de vidro ou carbono de ela.
25- Upwind: Ver orçar
IATISMO
A America’s Cup, disputada desde 1851 é a mais antiga competição de vela de iatismo. Além de dominarem a prova por muitos anos – hoje a taça está com a Nova Zelândia – os norte americanos são também os precusores do desenvolvimento de novos conceitos de barcos e competições.
No início para participar de competições, era preciso uma boa grana, o que felizemente não ocorre mais hoje. O iatismo tornou-se mais acessível, pois está sendo barateado pela criação dos equipamentos, que agora são feitos em série, oferecendo opções para toodos os bolsos. Além disso, hoje o patrocínio já é uma realidade para muitos, principalmente em competições de alto nível.
Vale lembrar que, assim como as competições, na evolução dos barcos também houve uma guinada de 180 graus.
Em lugar da madeira compensada, que no início era a principal matéria-prima utilizada, hoje estão as modernas resinas industriais, como poliéster e epóxi, fibra de vidro, fibra de carbono, plástico e vários outros materiais de última geração.
A evolução também atingiu a matéria-prima das velas. Se antes eram confeccionadas em algodão, jhoje são feitas de fibras sintéticas como o kevler, dacron, poliéster, mylar e carbono.
Muitas alterações foram feitas também nas competições olímpicas e a entrada e saída de uma determinada classe de veleiros é uma constante.
Os mares do sul daTailandia, próximos a Ilhas de Phuket e
Phi Phi é um grande ponto de encontro de velejadores do
mundo todo.
Bastante praticado no Brasil, o iatismo deve sua origem e organização ao esforço de Armando Leite, fundador do Iate Clube Brasileiro, no Rio de Jnaiero, em 1906. O iatismo é um dos esportes com maior número de conquistas no país, incluindo medalhas olímpicas, pan-americanas e campeonatos mundiais.
É praticamente impossível falarmos sobre a história do iatismo sem citar o nome da família Grael, que tantos títulos faturou para o país. O talento e garra dos irmãos Lars e Torben elevaram definitivamente o nome do Brasil no esporte.
Outro importante atleta brasileiro é o tetracampeão mundial da classe Laser Robert Sheidt, que em 1996 arrematou a medalha de ouro nas Olimpíadas. Em 2000, Sheidt faturou a medalha de praia nas Olímpiadas de Sydney (Austrália) na classe Laser. Também estiveram presentes no pódio os brasileiros Torben Gael e Marcelo Ferrreira, que trouxeram o bronze na classe Star.
POR ONDE COMEÇAR
Um bom começo para experimentar o esporte é procurar juma escola ou um instrutor capacitado que ofereça bases teóricas e praticas, permitindo que a atividade transcorra de maneira segura.
A vantangem de iniciar o curso em escolas é que elas fornecem todo o equipamento, principalmente os barcos, o que facilita muito a pratica. No início é recomendável a utilização de barcos pequenos que vão aumentando gradativamente, segundo a evolução do atleta no esporte.
Muito treino, conhecimento das regras e força de vontade também são essenciais e farão toda a diferença no futuro.
Como em todos os esportes, um bom condicionamento físico também é peça importante. Dos praticantes exigem-se braços resistentes, pouco peso e um bom desenvolvimento muscular, pois o trabalho o trabalho com os membros superiores é uma consetante. O uso das pernas também é bastante presente, principalmente em classes como o Finn, por isso é necessário que elas sejam fortes.
ALGUMAS CLASSES DE IATISMO
Soling: a embarcação leva três tripulantes, mede 8,5 m de comprimento e pesa 1000 kg. O símbolo desta classe é uma ferradura na vela. Esta é a embarcação de maior tamanho das competições.
Tornado: leva dois tripulantes mede 6,10 m de comprimento, pesa 140 kg e seusimbolo é representado por um T e duas linhas paralelas. O tornado passou a ser olímpico em Montreal em 1976. O Brasil conquistou a medalha de ouro na Olimpíada de Moscou, com Alex Welter e Lars Bjorkstron.
Star: leva dois tripulantes, mede 6.92m de comprimento, pesa 660 kg e seu símbolo é uma estrela. A categoria Star faz parte dos Jogos Olímpicos desde 1932 (Los Angeles). É um barco que exige muita técnica na pilotagem e é muito rápido.
Flying Dutchman: leva dois tripulantes , mede 6.05 m de comprimento pesa 165 kg e seu símbolo é representado pelas letras FD. Passou a ser olímpico em Roma, 1960.
470: leva dois tripulantes, mede 4.70 m de comprimento, pesa 115 kg e seu símbolo é o próprio número 470. A embarcação é veloz e tem três velas. Atualmente é disputado por homens e mulheres separadamente e começou nas Olimpíadas de Montreal. O Brasil conquistou a medalha de ouro na Olimpíada de Moscou, com Marcos Soares e Eduardo Penido.
Finn: leva apenas um tripulante, mede 4.50 m de comprimento, pesa 145 kg e possui apenas uma vela. Exige muito vigor físico. Seu símbolo é representado por duas linhas onduladas que indicam sua categoria.
Europa: leva um tripulante, mede 3.35 m e pesa 60 kg. O barco que começou a ser utilizado em 1962 só entrou na categoria olímpica em 1992 em Barcelona.
Lechner: leva um tripulante, mede 3.90 m e pesa 18 kg. É praticamente uma prancha de windsurf e também foi utilizado em Barcelona.
Optimist: barco do velejador iniciante, ou criança (até 12 anos), por ser bastante seguro e de fácil manejo. Tem cerca de 2 m de comprimento e 1.5 m de largura.
Laser: barco para um só tripulante, criado no Canadá. Provavelmente o barco mais popular em todo o mundo. Pesa em torno de 75 kg.
Microtonner: barco cabinado para três tripulantes e 750 kg com vela mestra, buja e balão. Tem todas as características e reações de um minibarco.
8 DICAS PARA OS ESPORTES A VELA
1- Mesmo sabendo nadar é aconselhável o uso do colete salva-vida.
2- Tenha cuidado com o equipamento e revise-o periodicamente.
3- Sempre que for velejar consulte a previsão meteorológica.
4- Use filtro solar de boa qualidade, com o fator de proteção de médio a alto e que não saia na água.Isso também é indispensável.
5- As roupas indicadas para a praticado esporte são sempre as de borracha (neoprene), que protegem o corpo contra o frio
6- Também é aconselhável usar óculos de sol, pois alem de proteção eles também proporcionam melhor visão.
7- Diga qual é o tempo médio em que você irá retornar, para que em caso de algum inci.dente, possa receber auxílio.
8- Sempre procure outros praticantes do esporte para estar constantemente trocando experiência e se aprimorando
PRINCIPAIS PONTOS DE VELA NO BRASIL
SP – Represa do Guarapiranga;
BL3 Escola de Iatismo
Tel: 11 3285-1762
Ilhabela Praia do Engenho D’água
Tel: 12 3896-3439
Web: www.bl3.com.br
Rio de Janeiro
Búzios (RJ);
Spin Out – Escola de Vela
Tel: 22 2623-0508
Porto Alegre (RS);
Raia 1 – Escola de Vela
Tel:51 3268-6140
Brasília (DF);
Clube Naval Brasília
Tel: 61 3223-2332
Florianopolis (SC);
Contravento Escola
Tel: 48 999 655 866
Vitória
Clube Rajada
Tel: 27 992 757 397
Outros Pontos
Fortaleza (CE); Natal (RN); Recife (PE); Salvador (BA)
EQUIPAMENTOS
Vela: feita de material sintético, seu tamanho varia de barco para barco.
Mastro: haste de alumínio, madeira ou fibra de carbono que segura a vela.
Janela: parte transparente da vela, para que o velejador possa ver o outro.
Retranca: peça fixada no mastro que segura e estica a esteira da vela.
Burro: conjunto de cabos e roldanas que evitam a retranca subir em direção ao mastro.
Catraca: roldana mais sofisticada com mecanismo de trava para facilitar o manejo da vela em ventos mais fortes.
Cabos: em um barco nada funciona sem eles, normalmente chamados de cordas pelos leigos.
Popa: parte traseira do barco.
Proa: parte dianteira do barco
Escota: cabo para regular a posição da vela em relação ao vento
Cana de Leme: extensão do leme, onde o navegador controla o leme e as direções do barco.
Leme: é o que guia o barco controlado pela cana do leme.
Bolina: mantem a direção e o equilíbrio evitando que o barco ande de lado. Situado sob o casco e funciona como a quilha da prancha. Geralmente é móvel e pode ser levantada, em alguns caso, para aumentar a velocidade.